26 de nov. de 2012

Visit San Francisco


O clássico “I Left My Heart In San Francisco”, de 1954, não poderia ser mais fiel à cidade californiana. As colinas, o cable car, as manhãs nebulosas, o céu azul, o vento e o sol brilhante descritos na música fazem parte do cotidiano dos cerca de 800 mil moradores de San Francisco, na costa Oeste dos Estados Unidos.

San Francisco é a quarta maior cidade da Califórnia em população, depois de Los Angeles, San Diego e San Jose.  A região começou a ser mapeada pelos europeus no fim do século XVIII. A primeira fundação foi a famosa igreja Mission Dolores - a sexta das 21 missões dos franciscanos e é uma das mais antigas igreja californianas -, construída paralelamente com o presídio de San Francisco. Mesmo com o forte papel eclesiástico, San Francisco é a capital mundial do movimento gay. Tendo lá a primeira grande parada do orgulho gay, a San Francisco Gay Freedom Day Parade.

Com uma população similar à de São Bernardo do Campo, a cidade recebe cerca de 16 milhões de visitantes por ano. Além disso, mais de 50% de seus habitantes são imigrantes ou têm ascendência estrangeira. E não é à toa que isso acontece.

San Francisco encanta pela geografia, arquitetura, música, gastronomia, clima, parques, passeios e pelas boas compras. A cidade tem como cenário o mar do Pacífico, ladeiras, artistas de rua, espigões que contrastam com casas vitorianas, museus importantes, casas de espetáculos e uma ponte que é tida como uma das maravilhas arquitetônicas do mundo – a Golden Gate Bridge.

A cidade oferece cultura e lazer o ano todo. Dependendo da época você pode acompanhar temporadas de balé, óperas, o San Francisco Jazz Festival, a maior parada do orgulho gay do mundo, maratonas, festas de Halloween e até Carnaval. São quase 80 teatros e casas de show, 65 museus e mais de 4000 restaurantes, segundo dados da Prefeitura.

Apesar de rica, a vida noturna começa e termina cedo em San Francisco. Nos dias de semana, os restaurantes fecham suas cozinhas às 21h e, aos fins de semana, às 23h. Por volta das 2h a cidade esvazia, e quem quer movimento tem de ir para a Castro – rua símbolo do movimento gay mundial – ou para a Mission Street.

Com tanto apelo pela diversão, é preciso gastar dinheiro. O custo de vida na Califórnia é dos mais altos dos Estados Unidos. Os preços de comida, bebida, hotéis, transportes e estacionamentos não são nada baixos. E ainda tem a Union Square, o bairro de Chinatown e outras regiões de compras que levam turistas a gastar mais do que deviam. Entretanto, é possível assistir a apresentações teatrais, a concertos de ópera e de jazz sem desembolsar nem US$ 1. Como toda cidade grande, a ocupação média da rede hoteleira é de 79%. Reservas antecipadas garantem melhores preços nos bairros mais nobres.

Mesmo os mais calorentos devem levar um casaco na bagagem. O clima do norte da Califórnia varia bruscamente no mesmo dia. O tempo é seco, sempre variando entre quente e frio.

FIsmerimF

15 de set. de 2012

Amontoado de reflexões

"Gosto do ser humano em sua essência, natureza e complexidade. Não me agradam as ações forçadas, prefiro os lapsos espontâneos, ainda que raros hoje em dia. Até porque, nem o mais bem laborado e lapidado ator consegue encenar 24h por dia.

Contudo, a complexidade do ser humano tem a capacidade de me surpreender, inclusive negativamente. Isso me choca, pois sempre que já estou habituado às nuances ruins do ser humano ele tem o poder de me mostrar algo pior."


"Sabe quando tudo começa a desmoronar? Significa que você perdeu a sua base; é horá de rever conceitos acerca das fundações iniciais, porque é exatamente aí que a construção da sua vida começa.


Alguém uma vez me disse que ainda sou um pequeno tijolo, que se bem trabalhado poderá criar outras tijolos e construir estruturas enormes. Mas tudo isso começa pela base, e é exatamente aí que eu costumo falhar."


"Feliz o homem marçano
 Que tem a sua tarefa quotidiana normal, tão leve ainda que pesada,
 Que tem a sua vida usual,
 Para quem o prazer é prazer e o recreio é recreio,
 Que dorme sono,
 Que come comida,
 Que bebe bebida, e por isso tem alegria. 
 A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me inquietação.
 Libertaste-me, mas o destino humano é ser escravo.
 Acordaste-me, mas o sentido de ser humano é dormir." *

 *Excerto da obra "Mestre", de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa).


Relatório Final: Projeto da Lis de Ouro

Em meados do mês de abril de 2011. A futura diretora do grupo, Gabriela Capparelli Mendes, juntamente com alguns alunos formandos da EMEF Lions Clube (São Vicente), e comigo, Flávio Ismerim Ferreira, iniciamos as conversas sobre termos aulas de teatro. A proposta partiu de uma tarefa que a futura diretora teria de cumprir para sua graduação em Publicidade e Propaganda, como base na defasagem cultural da Baixada Santista. O projeto-base era termos aulas, iniciando pelo teatro tradicional, trabalhando os atores numa peça.
A primeira peça a ser adaptada, reconstruída, reestruturada e apresentada a todos os alunos da escola foi “Papo de Gente Grande”, que foi retirada de uma pesquisa profunda na internet e trata-se de tabus adolescentes, como virgindade, sexo, gravidez e diálogo com os pais. O grupo foi dividido em dois e cada um dessas “subdivisões” interpretou a peça à sua maneira. Sendo findada a primeira etapa de adaptação com tal arte no grande dia da apresentação. Ambos os grupos foram extremamente saudados e aplaudidos pela plateia.
Transpassado o momento de aclimatação, era chegado o momento de mostrar aos atores o estilo de teatro que seria brilhantemente abordado durante todo o ano letivo. Os laboratórios iniciaram sem a leitura da peça. Nenhum dos atores tinha a mínima ideia de como seria peça. Lemos textos e assistimos a vídeos como “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, “Vida Severina” e alguns excertos da obra de Raul Cortês e de Paulo Autran.
Iniciaram-se, enfim, os ensaios. A peça foi escrita pela diretora Gabriela e estabeleceu intertextualidade com a famosa lenda do boi-bumbá. “O Brasil Nordestino” foi um hino ao nordeste, ao sertanejo e ao “homem marçano”, como diria Fernando Pessoa. O vertente teatral trabalhado era algo mais primitivo, corporal, estrutural e emocional.
A partir daí os objetivos foram retraçados. Em agosto aconteceria o 5º Festival de Teatro Escolar, realizado pela Prefeitura Municipal de São Vicente, do qual só poderiam participar as escolas municipais. Sendo o “Lions” uma delas, resolvemos nos inscrever; almejando, inicialmente, passar para a segunda fase.
Intensificamos os ensaios, cada vez mais pesados, cada vez mais satisfatórios, com resultado positivo cada vez mais iminente. A quinzena final de agosto chegou, e estávamos todos lá. Ansiosos, nervosos, amedrontados, etc. Mas estávamos todos prontos. Subimos no palco, apresentamos tudo o que ensaiamos – sendo que na primeira fase, não era necessário figurino, cenário, luz, etc.
Uma semana depois o resultado chegou. Tivemos as maiores pontuações em todos os quesitos, chegando à nota máxima em alguns dos casos, o que nos deu o direito de nos apresentarmos outra vez. Só que com figurino, luz, som, cenário e objetos cenográficos. Outro porém era a responsabilidade de irmos para a final com o legado de termos sido os primeiros colocados com larga vantagem na primeira avaliação.
O “sucesso” de tal projeto se espalhou por toda a escola e, consequentemente, por toda a comunidade. A procurar para entrar no grupo foi enorme. Uma pena a direção da escola ter deixado apenas alguns alunos do então 8º ano participarem do grupo.
Esse foi um recomeço. Os mais “experientes” auxiliavam a diretora do grupo a passar o seu conhecimento aos novos integrantes, concretizando, assim a penúltima etapa do projeto. Depois de muito ensaio e dedicação, o cenário e o figurino ficaram prontos. Sendo que a sonoplastia foi feita antes mesmo da primeira fase e só sofreu algumas alterações.
Assim como todo trabalho bem feito, tivemos uma recompensa enorme. Não somente ganhamos o festival e praticamente todos os prêmios individuais oferecidos, como também conseguimos um lugar para continuar o grupo fora da escola, já que os formandos sairiam e trilhariam um novo rumo.
O grupo continua, ainda que modificado. Mas o objetivo foi atingido. Conseguimos inserir cultura naquela escola, e principalmente, naquela comunidade. A última etapa a ser concluída foi a luta para que conseguíssemos trazer uma professora de teatro para o “Lions”, mesmo depois de termos saído dela.
O ciclo continuou e aqueles que aprenderam conosco, hoje ensinam pra outros. E os frutos da terceira geração já estão sendo colhidos. Eles, representando o Lions, já passaram da primeira fase do 6º Festival de Teatro Escolar e estão terminando a confecção do figurino e do cenário.
O pequeno Interart cresceu, recebeu seus prêmios e ressemeou o que hoje é o “Desbravadores da Cultura”. Tenho muito orgulho de ter feito parte desse grupo ao lado de muitos outros. Parabéns Interart, parabéns Gabriela, parabéns, Desbravadores, parabéns Lions. E viva a disseminação da cultura por entre os povos!

Sempre Alerta Para Servir,
Flávio Ismerim Ferreira.

13 de jul. de 2012

Top 10 - Rock.

Em homenagem ao Dia Mundial do Rock, aqui vai uma lista com as dez melhores bandas de rock da história, na minha humilde opinião.




10º - Evanescence.


Com muita influência clássica, essa banda, famosa por ser o soundback do amado Winning Eleven, é a banda mais dark que eu curto. Embora não seja tão dark assim. Claro que, como a maioria das minhas bandas preferidas, essa banda possui um estilo alternativo. A música escolhida é Lithium, um pouco fossa, mas é linda.






9º - Scorpions.


Melhor banda de rock da Alemanha. Tudo bem, sei que essa declaração pode enfurecer os fãs de Tokio Hotel, mas a concorrência é desleal. Famosa por suas baladas, Scorpions é, na realidade, uma banda de estilo hard, quase heavy, mas hard. Mês que vem eles tão no Brasil e eu acho que não vou no show, muita pena! A música escolhida é Still Loving You. Por mais que eu adore Wind Of Change, Still Loving You é muito mais marcante.





8º - Nirvana.

Eu sempre odiei essa banda, mas meu lado grunge começou a aparecer no começo desse ano. E, desde então, Nirvana é quase um "xodó". Com apenas sete anos de existência e uma dissolução lamentável, há quem diga que essa é a banda de maior sucesso da história, coisa que muito duvido. Dave, Kurt e Krist foram a primeira influência de uma vertente da moda e do comportamento surgida nos anos 90, o estilo grunge. A música escolhida não podia deixar de ser Smells Like Teen Spirit, por mais que eu tenha um carinho ENORME por Come As You Are.




7º - Daughtry.

Banda quase que desconhecida no cenário mundial, uma das minhas preferidas. Esse grupo formado pelo ex-participante do American Idol Chris Daughtry, possui letras maravilhosas e melodias inebriantes. Segue um estilo new grunge, quase hard e meio pop, seguindo a tendência das bandas modernas. A música escolhida é Home, talvez a música de maior sucesso dessa banda.



6º - Black Sabbath.

Sou definitivamente apaixonado pela loucura dessa banda. Percursores do heavy metal ao lado de Deep Purple e Led Zeppelin, Ozzy e sem amigos tão insanos quanto eles formam esse grupo de canções memoráveis que depois de um longo hiato voltaram a se reunir no ano passado. Por mais que eu prefira as músicas solo do Ozzy, aqui vai o grande sucesso do grupo: Iron Man. Quem nunca tocou essa música no Guitar Hero?



5º - Queen.

Abrindo o Top 5... "God Save The Queen". Banda inglesa de enorme sucesso, Queen surgiu liderado por Freddy Mercury há 41 anos em Londres. Aliás, por que a Inglaterra forma tantas bandas de grande sucesso?! By the way, não gostei nada da tentativa de voltar com o Adam Lambert no lugar do Freddy! Seu estilo é progressivo, pop e hard quase heavy, assim como o da maioria das bandas britânicas. A música escolhida é, e não poderia deixar de ser Don't Stop Me Now. Apesar de tantos outros sucesso como We Will Rock You, Love Of My Life, I Want To Break Free e We Are The Champions, essa é a minha música preferia.



4º - System Of A Down.

Banda  armênio-americana, sim da ARMÊNIA. Serj, Daron, Shavo e John formam essa banda espetacular. São tantas músicas que fica difícil de escolher. Todos os álbuns são espetaculares, sem exceções. O que mais me impressiona nessa banda é a capacidade te mudar o ritmo da melodia da música sem perder o compasso e brincar com o som. Possuem um estilo alternativo e progressivo, por vezes heavy e hard. Depois de um hiato de 4 anos, o grupo voltou em 2010 com tudo. Veio, arrasou no Rock In Rio em 2012 e fez a alegria de nós fãs brasileiros com a primeira visita ao nosso país. Difícil de optar, mas a música escolhida foi Lonely Day, por questões pessoais.



3º - Red Hot Chili Peppers.

Paixão recente, mas enorme. A magia do rock californiano contagia qualquer um! Com 19 anos de grupo, eles colecionam inúmeros hits. Com um funk alternativo que beira quase um soul, tem uma nação de fãs apaixonados, como eu. Há quem diga que as letras dessa banda são quase que incompreensíveis, confiram em Dani California. É legal pontuar também a rotatividade de guitarristas nessa banda que já contou [inclusive] com um dos melhores do mundo no ramo, Dave Navarro. Poucas bandas são tão premiadas quanto Chili Peppers. Difícil até demais escolher uma música, mas aqui vai Under The Bridge, por puras questões pessoais.



2º - Metallica.

Chegamos à nata do rock americano. METALLICA, man. Fundadores do trash metal ao lado de Slayer, Anthrax e uma banda cujo nome prefiro não escrever.  Todos sabem da rivalidade entre Metallica e essa banda, só tragédia. Grupo que considero o verdadeiro fundador do estilo underground mundial. Já teve álbuns com pegada mainstream e alternativo. Sendo o estilo mainstream totalmente elogiado, e o alternativo repugnado pelos fãs e pelos críticos. Prefiro não comentar os últimos álbuns, mas tudo bem. Difícil escolher, mas é raro algum fã do Metallica não amar a única grande balada da banda: Nothing Else Matters.



1º - Iron Maiden.

E mais uma vez a música britânica me pega de jeito. O que sinto por esse não é nada diferente do amor que tenho pelos meus pais. São muitas coisas pra dizer, mas acho que dá pra resumir. Os fãs de guitarra me entenderão. São 37 anos da melhor banda do mundo formada inicialmente por Steve Harris. Surgiu como expoente maior do heavy metal inglês. São mais de 100 milhões de álbuns vendidos! Iron é uma banda que não canta sexo, drogas, bebidas e mulheres. Iron canta história, Iron canta integridade, Iron canta dignidade! Tudo isso porque Steve Harris e Bruce Dickinson são formados em história. Seu mascote é o Eddie, coisa mais fofa rock. (quem é fã entende). E mesmo após quase décadas ainda faz enorme sucesso, a prova disso é El Dorado (de 2011) que lhes rendeu um Grammy. Discordando da minha opinião, a MTV considerou o Iron a 4ª maior banda de rock da história. O plus da banda é que são três guitarras, algo nunca antes visto na história desse globo azul. Poderia ficar anos citando singles e mais singles, mas só cito três: The Trooper, Fear Of The Dark e The Number Of The Beast. Mas nenhuma dessas é a minha favorita. Minhas preferidas são: Wasting Love, Dance Of Death e The Evil That Men Do. Eu poderia postar a introdução de Wasting Love, que é meu toque de celular, meu despertador e me acompanha o dia todo, mas eu escolho The Evil That Men Do.


Aqui me despeço, desculpem-me os de opinião diferente. Muito obrigado pela leitura, e claro. FELIZ DIA DO ROCK, MEN! Ouçam rock o dia todo, de Beatles à Slipknot, todas as que conhecer. Não deixem seus vizinhos dormir, porque esse dia só acontece uma vez por ano.

3 de jun. de 2012

A arte de brincar de ser

Não passava de um pré-adolescente em crise. Era um aluno relativamente aplicado numa escola completamente perdida. Mas a coisa mudou de figura a partir do momento em que eu me inscrevi para esse novo projeto extra-classe.

Gabriela, então secretária da escola, lançou uma proposta aos alunos que fora previamente deferida pela direção. Ela montou um grupo de teatro, inicialmente com a intenção de cumprir uma das obrigações de seu curso de publicidade. E lá estava eu.

Tivemos aulas de diversos temas, desde dinâmicas de confiança até regionalizações. Um aura perfeita para o desenvolvimento humano como ser pensante. 

Desde a Grécia, o teatro tem uma infinita gama de vertentes. Há aqueles diretores que creem no teatro Shakespeariano, mas minha Gabriela não fazia parte desse grupo romântico. Ela veio de uma escola realista, e fez questão de transmiti-la para nós, os alunos.

Essa arte me transformou como pessoa, mudou meus princípios, meus pontos de vista e minha forma de pensar. E não digo isso sozinho, digo pelo meu grupo.

Além de juntos, estávamos unidos. E todo esse sentimento de ligação inconsciente nos levou a suplantar inúmeras barreiras. Sendo a maior delas a própria direção da escola. Provamos pra quem nos oprimia que todo o nosso esforço valeu a pena.

Representando a escola, fomos ao campeonato municipal e vencemos com folga os principais favoritos. Mas, acima de tudo, nos tornamos mais humanos, mais sensíveis ao mundo. Aprendemos a decifrar, entender  e respeitar os limites alheios.

Nosso estilo, postura e união nos renderam um convite para integrar o elenco do maior espetáculo da cidade. Que veio em troca de um lugar para ficarmos fixamente, tendo em vista que a maior parte do grupo se formou e saiu da escola.

Sei que talvez nunca mais viva momentos tão esplêndidos como esses. Mas carrego o legado de ter passado por cada mal bocado em busca dos nossos objetivos e ter alcançado-os, mesmo que parcialmente.


FIsmerimF

29 de abr. de 2012

Soneto de Fidelidade



De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure. 
Vinicius de Moraes 

Soneto do Amor Total



Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes