15 de set. de 2012

Relatório Final: Projeto da Lis de Ouro

Em meados do mês de abril de 2011. A futura diretora do grupo, Gabriela Capparelli Mendes, juntamente com alguns alunos formandos da EMEF Lions Clube (São Vicente), e comigo, Flávio Ismerim Ferreira, iniciamos as conversas sobre termos aulas de teatro. A proposta partiu de uma tarefa que a futura diretora teria de cumprir para sua graduação em Publicidade e Propaganda, como base na defasagem cultural da Baixada Santista. O projeto-base era termos aulas, iniciando pelo teatro tradicional, trabalhando os atores numa peça.
A primeira peça a ser adaptada, reconstruída, reestruturada e apresentada a todos os alunos da escola foi “Papo de Gente Grande”, que foi retirada de uma pesquisa profunda na internet e trata-se de tabus adolescentes, como virgindade, sexo, gravidez e diálogo com os pais. O grupo foi dividido em dois e cada um dessas “subdivisões” interpretou a peça à sua maneira. Sendo findada a primeira etapa de adaptação com tal arte no grande dia da apresentação. Ambos os grupos foram extremamente saudados e aplaudidos pela plateia.
Transpassado o momento de aclimatação, era chegado o momento de mostrar aos atores o estilo de teatro que seria brilhantemente abordado durante todo o ano letivo. Os laboratórios iniciaram sem a leitura da peça. Nenhum dos atores tinha a mínima ideia de como seria peça. Lemos textos e assistimos a vídeos como “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, “Vida Severina” e alguns excertos da obra de Raul Cortês e de Paulo Autran.
Iniciaram-se, enfim, os ensaios. A peça foi escrita pela diretora Gabriela e estabeleceu intertextualidade com a famosa lenda do boi-bumbá. “O Brasil Nordestino” foi um hino ao nordeste, ao sertanejo e ao “homem marçano”, como diria Fernando Pessoa. O vertente teatral trabalhado era algo mais primitivo, corporal, estrutural e emocional.
A partir daí os objetivos foram retraçados. Em agosto aconteceria o 5º Festival de Teatro Escolar, realizado pela Prefeitura Municipal de São Vicente, do qual só poderiam participar as escolas municipais. Sendo o “Lions” uma delas, resolvemos nos inscrever; almejando, inicialmente, passar para a segunda fase.
Intensificamos os ensaios, cada vez mais pesados, cada vez mais satisfatórios, com resultado positivo cada vez mais iminente. A quinzena final de agosto chegou, e estávamos todos lá. Ansiosos, nervosos, amedrontados, etc. Mas estávamos todos prontos. Subimos no palco, apresentamos tudo o que ensaiamos – sendo que na primeira fase, não era necessário figurino, cenário, luz, etc.
Uma semana depois o resultado chegou. Tivemos as maiores pontuações em todos os quesitos, chegando à nota máxima em alguns dos casos, o que nos deu o direito de nos apresentarmos outra vez. Só que com figurino, luz, som, cenário e objetos cenográficos. Outro porém era a responsabilidade de irmos para a final com o legado de termos sido os primeiros colocados com larga vantagem na primeira avaliação.
O “sucesso” de tal projeto se espalhou por toda a escola e, consequentemente, por toda a comunidade. A procurar para entrar no grupo foi enorme. Uma pena a direção da escola ter deixado apenas alguns alunos do então 8º ano participarem do grupo.
Esse foi um recomeço. Os mais “experientes” auxiliavam a diretora do grupo a passar o seu conhecimento aos novos integrantes, concretizando, assim a penúltima etapa do projeto. Depois de muito ensaio e dedicação, o cenário e o figurino ficaram prontos. Sendo que a sonoplastia foi feita antes mesmo da primeira fase e só sofreu algumas alterações.
Assim como todo trabalho bem feito, tivemos uma recompensa enorme. Não somente ganhamos o festival e praticamente todos os prêmios individuais oferecidos, como também conseguimos um lugar para continuar o grupo fora da escola, já que os formandos sairiam e trilhariam um novo rumo.
O grupo continua, ainda que modificado. Mas o objetivo foi atingido. Conseguimos inserir cultura naquela escola, e principalmente, naquela comunidade. A última etapa a ser concluída foi a luta para que conseguíssemos trazer uma professora de teatro para o “Lions”, mesmo depois de termos saído dela.
O ciclo continuou e aqueles que aprenderam conosco, hoje ensinam pra outros. E os frutos da terceira geração já estão sendo colhidos. Eles, representando o Lions, já passaram da primeira fase do 6º Festival de Teatro Escolar e estão terminando a confecção do figurino e do cenário.
O pequeno Interart cresceu, recebeu seus prêmios e ressemeou o que hoje é o “Desbravadores da Cultura”. Tenho muito orgulho de ter feito parte desse grupo ao lado de muitos outros. Parabéns Interart, parabéns Gabriela, parabéns, Desbravadores, parabéns Lions. E viva a disseminação da cultura por entre os povos!

Sempre Alerta Para Servir,
Flávio Ismerim Ferreira.

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