Em meados do mês de abril de 2011. A
futura diretora do grupo, Gabriela Capparelli Mendes, juntamente com alguns
alunos formandos da EMEF Lions Clube (São Vicente), e comigo, Flávio Ismerim
Ferreira, iniciamos as conversas sobre termos aulas de teatro. A proposta
partiu de uma tarefa que a futura diretora teria de cumprir para sua graduação
em Publicidade e Propaganda, como base na defasagem cultural da Baixada
Santista. O projeto-base era termos aulas, iniciando pelo teatro tradicional,
trabalhando os atores numa peça.
A primeira peça a ser adaptada,
reconstruída, reestruturada e apresentada a todos os alunos da escola foi “Papo
de Gente Grande”, que foi retirada de uma pesquisa profunda na internet e
trata-se de tabus adolescentes, como virgindade, sexo, gravidez e diálogo com
os pais. O grupo foi dividido em dois e cada um dessas “subdivisões”
interpretou a peça à sua maneira. Sendo findada a primeira etapa de adaptação
com tal arte no grande dia da apresentação. Ambos os grupos foram extremamente
saudados e aplaudidos pela plateia.
Transpassado o momento de
aclimatação, era chegado o momento de mostrar aos atores o estilo de teatro que
seria brilhantemente abordado durante todo o ano letivo. Os laboratórios
iniciaram sem a leitura da peça. Nenhum dos atores tinha a mínima ideia de como
seria peça. Lemos textos e assistimos a vídeos como “Tempos Modernos”, de
Charles Chaplin, “Vida Severina” e alguns excertos da obra de Raul Cortês e de
Paulo Autran.
Iniciaram-se, enfim, os ensaios. A
peça foi escrita pela diretora Gabriela e estabeleceu intertextualidade com a
famosa lenda do boi-bumbá. “O Brasil Nordestino” foi um hino ao nordeste, ao
sertanejo e ao “homem marçano”, como diria Fernando Pessoa. O vertente teatral
trabalhado era algo mais primitivo, corporal, estrutural e emocional.
A partir daí os objetivos foram retraçados.
Em agosto aconteceria o 5º Festival de Teatro Escolar, realizado pela
Prefeitura Municipal de São Vicente, do qual só poderiam participar as escolas
municipais. Sendo o “Lions” uma delas, resolvemos nos inscrever; almejando,
inicialmente, passar para a segunda fase.
Intensificamos os ensaios, cada vez
mais pesados, cada vez mais satisfatórios, com resultado positivo cada vez mais
iminente. A quinzena final de agosto chegou, e estávamos todos lá. Ansiosos,
nervosos, amedrontados, etc. Mas estávamos todos prontos. Subimos no palco, apresentamos
tudo o que ensaiamos – sendo que na primeira fase, não era necessário figurino,
cenário, luz, etc.
Uma semana depois o resultado chegou.
Tivemos as maiores pontuações em todos os quesitos, chegando à nota máxima em
alguns dos casos, o que nos deu o direito de nos apresentarmos outra vez. Só
que com figurino, luz, som, cenário e objetos cenográficos. Outro porém era a
responsabilidade de irmos para a final com o legado de termos sido os primeiros
colocados com larga vantagem na primeira avaliação.
O “sucesso” de tal projeto se
espalhou por toda a escola e, consequentemente, por toda a comunidade. A
procurar para entrar no grupo foi enorme. Uma pena a direção da escola ter
deixado apenas alguns alunos do então 8º ano participarem do grupo.
Esse foi um recomeço. Os mais “experientes”
auxiliavam a diretora do grupo a passar o seu conhecimento aos novos
integrantes, concretizando, assim a penúltima etapa do projeto. Depois de muito
ensaio e dedicação, o cenário e o figurino ficaram prontos. Sendo que a
sonoplastia foi feita antes mesmo da primeira fase e só sofreu algumas
alterações.
Assim como todo trabalho bem feito,
tivemos uma recompensa enorme. Não somente ganhamos o festival e praticamente
todos os prêmios individuais oferecidos, como também conseguimos um lugar para
continuar o grupo fora da escola, já que os formandos sairiam e trilhariam um
novo rumo.
O grupo continua, ainda que
modificado. Mas o objetivo foi atingido. Conseguimos inserir cultura naquela
escola, e principalmente, naquela comunidade. A última etapa a ser concluída
foi a luta para que conseguíssemos trazer uma professora de teatro para o “Lions”,
mesmo depois de termos saído dela.
O ciclo continuou e aqueles que
aprenderam conosco, hoje ensinam pra outros. E os frutos da terceira geração já
estão sendo colhidos. Eles, representando o Lions, já passaram da primeira fase
do 6º Festival de Teatro Escolar e estão terminando a confecção do figurino e do
cenário.
O pequeno Interart cresceu, recebeu
seus prêmios e ressemeou o que hoje é o “Desbravadores da Cultura”. Tenho muito
orgulho de ter feito parte desse grupo ao lado de muitos outros. Parabéns
Interart, parabéns Gabriela, parabéns, Desbravadores, parabéns Lions. E viva a
disseminação da cultura por entre os povos!
Sempre Alerta Para Servir,
Flávio Ismerim Ferreira.
Flávio Ismerim Ferreira.
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